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Mostrando postagens de março, 2021

A golpista.

  Ela era estranhamente religiosa. Acreditava que quem reza para Deus, melhor rezar também para o diabo, pois quem pode garantir qualquer coisa? O padre, dizia-lhe para não “servir a dois senhores” (Mateus 6:24) O ditado do mundo de marketing dizia que “cachorro que tem dois donos morre de fome”. Mas, ela, teimosa e persistente, ia em todos os cultos de A à Z. Vez ou outra, quando aparecia a oportunidade, ia ao encontro de budistas e outras tendências político-religiosas. A vizinhança comentava que ela tinha muito tempo disponível e, por isto, podia se dar ao luxo de ir a tantos cultos e templos. Mas a verdade era bem outra. ... Pois bem... Estava de bem com todos. E, em cada um desses cultos, fazia questão de procurar o “chefe do respectivo” e desfiar-lhe um monte de queixas notadamente sobre a família. Os filhos não trabalhavam e aqueles que o faziam não contribuíam para as despesas da casa. O marido, vivia em casas clandestinas de jogos e apesar de perceber

Promessa cumprida.

  Ela se vestiu adequadamente para a ocasião. Um vestido um tanto sensual, negro, com transparências igualmente negras em rendas. Esta transparência discreta aliada às curvas bem delineadas, deixava entrever os belos contorno de seu corpo. A ocasião tinha um significado especial para ela. Chegou no local e logo causou imenso alvoroço, sendo que as mulheres, as mais invejosas, faziam comentários maldosos à boca pequena. Os homens de olhares atentos e famintos, causavam em suas respectivas acompanhantes um certo desespero. Caminhou sensualmente e cuspiu descaradamente no caixão. Ninguém percebeu. O evento:   um velório, organizado por ela. ... Alguns dias antes: Ele, um empreendedor muito bem sucedido, sem escrúpulos. Ela, jovem e dedicada, bioquímica de formação. Assumiu a agenda, as viagens, reservas, convidados, festas, eventos, enfim todo o aparato necessário à industria da moda. Contratada como assistente pessoal com alto salário. Seu pai, muito doente. E

O empalhador.

  Fora contratado estranhamente para construir um violão. Como era marceneiro, nunca havia sequer pensado em construir qualquer instrumento musical. Era dedicado e aceitou o serviço mediante duas condições. A primeira: não poderia prometer que o violão fosse de boa qualidade, devido à sua total inexperiência em construí-los. A segunda: só haveria o pagamento, a combinar, após o término do serviço e aprovação do cliente. ... O cliente. O cliente não era um sujeito muito convencional. Era empalhador. Conta-se que era dado a estranhas procuras e mais ainda estranhas manias. Dizia-se que havia se casado por três vezes e as esposas o haviam abandonado. Não tinha filhos. Era avesso à práticas sexuais. Ninguém conseguia entender, que sendo assim, teria se casado por três vezes. As esposas simplesmente desapareciam de sua vida e da vida da vizinhança. ... O marceneiro, após estudos, aceitou a encomenda e foi à casa do cliente, para fechar o negócio. Assustou-se um