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A Impressora.

  Subitamente voou pela janela do apartamento do terceiro andar uma novíssima impressora multifuncional. Ao se encontrar com o duríssimo chão de concreto, espatifou-se, e assim do nada, em um último lampejo de vida, ascendeu uma luzinha branca, indicando que estava pronta para operar. Na janela, podia-se perceber um jovem senhor, sorrindo maliciosamente para o equipamento espatifado. Fechou a janela e disparou em gargalhadas de ódio e desespero. ... Voltemos uns dias para melhor compreender o fato. Satisfeito trazia consigo a sua nova aquisição, uma impressora multifuncional, que segundo o simpático vendedor de tudo fazia. Imprimia, por óbvio, tirava cópias coloridas e preto e branco e escaneava que era uma maravilha, tanto textos quanto fotos. Ele, além de muito observador e detalhista, era persistente ao extremo, uma característica importante de sua personalidade que nos ajudará a compreender melhor os acontecimentos que estavam por vir. O equipamento vinha lacrado

O menino e Ana Lúcia.

  Ele tinha uma personalidade muito interessante. Era profundamente curioso e questionador. A maioria das vezes as respostas simples não lhe serviam, deixando os questionados em situações bastante embaraçosas e confusas. Até que um dia encontrou-se, casualmente, com Ana Lúcia. Ana Lúcia, professora universitária de “a linguagem e a filosofia”, dona de um salão de beleza e profundamente reflexiva, sempre em companhia de sua amiga dileta Nhazinha. No salão de beleza, onde tinha ido cortar o cabelo, ele perguntou: - Onde termina o mar? Quando Ana Lúcia já se preparava para responder, emendou outra: - Onde começa o céu? Ana Lúcia, articulou uma resposta em que pudesse elucidar as duas questões, quando veio a próxima: - Por que a agua é molhada? -   Por que o quadrado é chamado de quadrado? Desespero total. Ana Lucia, visivelmente irritada, se prepara para uma explicação filosófica que ajudasse o menino questionador, em suas infinitas dúvidas. A resposta seria ba

A caixa postal.

  As viaturas e demais aparatos policiais foram preparados para uma operação de flagrante, no final da madrugada e primeiras horas da manhã. Objetivo: Flagrante delito na casa dele. ... Sim. Ele tinha uma caixa postal. Exatamente para qual propósito era muito difícil saber. Como hábito, às quartas-feiras, por voltas das 14h00 horas, ia até a agencia do correio verificar sua caixa postal, bem como enviar pacotes, os mais diversos, para diferentes destinos exóticos. Os curiosos, diziam que tinham visto, não se sabe bem quando, nem como, endereços como Xangrilá, Indochina, Bangcoc, Guilin, esta última na China Continental. E, completavam, que o haviam visto, ele portando pacotes oriundos de locais tão ou mais exóticos que os acima. Aparentemente, ele vivia de forma simples e discreta, com sua pequena família, composta da esposa e dois filhos estudantes universitários. A caixa postal era um mistério completo. ... A vizinhança intrigada com esta questão decidiu procede

A vizinha e seus filhos.

  A vizinha, senhora tranquila e amigável, volta e meia, aparecia na casa dele para medir a pressão. Ele não era médico, mas tinha lá um desses aparelhinhos que medem tudo errado. Ele, com boa vontade, media a pressão. Já os filhos não prestavam. Um era viciado em crack e vivia ou dormindo ou furtando alguma coisa para comprar os elementos de seu vício. O outro era contrabandista, e usualmente a polícia era visita habitual à sua casa. O terceiro, bem o terceiro, era irritantemente detalhista e era sujeito a ataques de fúria terríveis com a pobre senhora. Todos eles achavam que por mais que ela fizesse, nada satisfazia. ... O contrabandista chega em uma Land Rover carregada de armas importadas diretamente da Rússia, por canais competentes que ele conhecia. O viciado após furtar a TV de última geração e desparecer por cerca de cinco dias, aparece todo sujo e mal tratado, fedendo, e com uma roupa que não era dele. O outro, o detalhista, começa a xingar a mãe, pois pa

O ônibus.

  O ônibus desgovernado sai da estrada e cai em um penhasco. Sem sobreviventes. Bombeiros tentam em vão resgatar e identificar corpos. Impossível! Posto que o incêndio fora de grandes proporções destruindo tudo o que havia dentro e fora do veículo. Nenhum parente ou amigo aparece na delegacia ou no departamento de transito para comunicar o desaparecimento de pessoas próximas. Caso encerrado. Sem solução. .... Tudo começou uns dias antes com um convite para viajar para uma cidade bucólica e agradável, que viera pelo correio, sem identificação, com as passagens de ônibus. Ele, aventureiro que era, topou imediatamente. Havia um protocolo em que deveria ligar para um determinado número de telefone e confirmar a presença. O que, ele, esperto que era, o fez assim que abriu a carta recebida. Chega o dia da viagem, ele toma assento no ônibus ao lado de uma bela e jovem senhorita, digamos assim, muito agradável. Rapidamente se conhecem e conversam enquanto as pernas, ina

Esquecimento.

  Como é sabido detalhes são extremamente importantes e diferenciais. O local era sabidamente perigoso, entretanto, elas, corajosas e, talvez, um pouco confiantes demais, se aventuraram por lá, para levar uma amiga em casa, após uma festa. Em uma rua estreita, o carro foi cercado por quatro indivíduos visivelmente perigosos, armados, que habilmente as dominaram. Levaram-nas, as três para um local distante da cidade, assustadoramente deserto. Homens de pouca conversa. Objetivo: traficarem as mulheres para prostituição na Espanha. No entanto, esqueceram-se de um detalhe: revistarem-nas... ... Uma delas, não se sabe bem se a mais nova, havia tido treinamento militar em um país cujo exército era temido em todo mundo. Frequentemente andava armada com sua pistola “Sig Sauer P 365”, 9 mm. Sócia de um clube de tiro na região onde morava, pouco importante para a nossa história, ela, a atiradora, era campeã naquele clube, colecionando com orgulho vários títulos. .... As mul

Apesar de tudo.

  O jovem casal preparou-se para receber as visitas. Sabia-se que não seriam muitas pessoas, talvez um casal ou no máximo três pessoas. Eram músicos, tocavam na orquestra sinfônica daquela graciosa e acolhedora cidade. As visitas eram estrangeiras, não se sabia ao certo de onde. Ela, a moça, não era lá muito simpática, podendo ser até muito deselegante e áspera. Ao contrário dele que era muito gentil, educado e atencioso. Ambos tocavam violino, e ele, além do violino tocava flauta na orquestra. Prepararam um pequeno repertorio para homenagear as visitas, que seria executado, logo após o jantar. ..... Chegaram. Vieram em três. Um casal e uma simpática senhora um pouco mais velha, que era mãe de um dos dois. A senhora era de uma inteligência e experiência invejáveis, um humor sarcástico e ferino, sagaz. Após as apresentações cordiais e educadas, foram conversar na sala de estar. A conversa transcorria normalmente quando a senhora, disparou a seguinte pérola: -