O menino e Ana Lúcia.

 

Ele tinha uma personalidade muito interessante.

Era profundamente curioso e questionador.

A maioria das vezes as respostas simples não lhe serviam, deixando os questionados em situações bastante embaraçosas e confusas.

Até que um dia encontrou-se, casualmente, com Ana Lúcia.

Ana Lúcia, professora universitária de “a linguagem e a filosofia”, dona de um salão de beleza e profundamente reflexiva, sempre em companhia de sua amiga dileta Nhazinha.

No salão de beleza, onde tinha ido cortar o cabelo, ele perguntou:

- Onde termina o mar?

Quando Ana Lúcia já se preparava para responder, emendou outra:

- Onde começa o céu?

Ana Lúcia, articulou uma resposta em que pudesse elucidar as duas questões, quando veio a próxima:

- Por que a agua é molhada?

-  Por que o quadrado é chamado de quadrado?

Desespero total.

Ana Lucia, visivelmente irritada, se prepara para uma explicação filosófica que ajudasse o menino questionador, em suas infinitas dúvidas.

A resposta seria baseada em Parmênides, filósofo pré-socrático, em seu único conhecido texto, deixado para a humanidade, “O caminho da verdade”.

Basicamente explicando ao menino que o que é, é; e o que não é, não é.

Teoria esta que foi posteriormente explorada por Platão e Aristóteles.

Temendo ser interpelada de forma alucinada e insistente pela não aceitação pelo menino deste conceito, Ana Lúcia, já se preparava para uma alternativa, através da Teoria do Conhecimento, um ramo da filosofia e das ciências naturais.

Ana Lúcia:

- Meu jovem, fico perplexa com sua curiosidade, que lhe é de fato benéfica, e...

Quando é interrompida sem maiores zelos pelo menino e para o espanto geral dos frequentadores do salão:

- Minha senhora, o que é, é; e o que não é, não é. Simples assim.

Ana Lúcia, à beira de um ataque de nervos, vai-se embora deixando o cabelo do menino especulador pela metade.

Gentilmente, Nhazinha, acaba de lhe fazer o corte e recomenda:

- Jovem, tenha mais cuidado (educação) ao tratar com pessoas mais velhas, mais experientes e mais vividas.

Ao que recebe um dar de ombros e virando-se de costas vai-se embora do salão prometendo nunca mais voltar ali, naquele antro de ignorância.

Comentários

  1. Boa tarde,Eduardo!
    Belíssimo trabalho.

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    1. Obrigado desconhecido(a), é uma honra e um prazer para mim a sua visita e seu comentário.
      Abraços.

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  2. Muito bom Poeta Edu
    Boa tarde
    👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼☕

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    Respostas
    1. Poetisa Lena!!! Que honra e que prazer a sua visita aqui.
      Muito obrigado pela visita e pelo comentários.
      Abraços.

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  3. Parabéns, caro poeta, por esse belíssimo trabalho! Até a próxima oportunidade!

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  4. Obrigado Yé, visitei o seu site e gostei muito. Agradeço a sua visita e seu comentário por aqui.
    Abraços e em breve novos contos.

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